segunda-feira, 21 de abril de 2008

Inferno

Não havia nenhuma placa, nenhum sinal, mas estava claro: ali era o inferno. Nenhum livro jamais descrevera o que eu via. O inferno era exatamente como a Terra. Era uma rua, uma rua solitária numa noite macabra. Caminhava procurando almas ao decorrer do caminho. Em vão. Eu esperava o pior a cada momento, sabia que sair dali seria uma questão de sorte.

As luzes pareciam me observar. Havia milhares de janelas, mas não podia enxergar através delas. As portas ali presentes jamais se abririam. Talvez o que estava por trás daquelas paredes só existisse em minha mente. Tudo aquilo podia apenas ser apenas mais um devaneio. Eu estava com medo da minha própria imaginação.

A névoa caia sobre o ar. Minha visão limitava-se a pouco menos de uma quadra. Não conseguir enxergar mais distante me apavorava. Precisava me segurar em algo, parar um segundo pra respirar. Era um segundo que eu jamais teria. Apertei o passo, virei à esquina e caí no limbo. Nada, exatamente nada. Escuridão. Fechei os olhos e dei um último suspiro. Minha vida agora fazia sentido. Foi o momento perfeito. Sentia minha queda e não podia fazer nada além de aceitá-la. Terminou tudo naquele momento. Sorri, girei a chave e abri a porta. A luz explodiu sobre meus olhos. Um sofá, um quadro e uma televisão ligada; o inferno era exatamente como a Terra.