domingo, 2 de agosto de 2009

Domingo à noite

Assistia televisão em casa. Aquela era sua vida. Encarava fixo a parede, enquanto segurava uma caneca de café quente. O constrangimento do silêncio assaltava o ambiente, precisamente reafirmado pelas ondas sonoras que emanavam das caixas de som do televisor. Da mesma forma, o jogo de luzes pervasivo perpassava a escuridão, injungindo ao mistério e à iminência a palavra e a forma. Não havia portas ou janelas no quarto, e as únicas preocupações que lhe acometiam era que não sabia de onde havia tirado aquela caneca de café ou o que faria com ela depois.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Walk in the beach

Foi dar uma volta pela praia e nunca mais voltou. Eu fiquei sentado à beira-mar, apenas olhando suas pegadas se perderem no horizonte. Enterrei a pulseira que deixara comigo na areia — era o fim de uma história — e caminhei em direção ao carro. Um louco uma vez me disse que aceitação fazia parte de todo esse lance de amor. Hoje eu entendi.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Here's the deal

Você chega nesse ponto da vida em que você olha para o céu e vê o sol brilhar forte, mas todo aquele brilho apenas lhe cansa os olhos, vê o vento arrastar a areia pela superfície da praia, mas tudo que você sente é incomodação com o atrito dos grãos contra as suas pernas, e percebe que a falta de pessoas à sua volta, ao invés de lhe proporcionar uma sensação de liberdade, apenas lhe espreme contra as paredes da sua própria reclusão.

Você morde a isca e resolve fazer essa viagem. Decide que está na hora de viajar por outras estradas e ampliar seus horizontes.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Allison's runaway

- Sempre gostei de mobilidade em minha vida. Nunca fui aquele cara de ficar parado muito tempo. Sempre fui de curtir festas, rodar com uma mulher por noite... Mas, sinceramente, estou feliz em ter atracado nesse porto seguro, eu precisava dessa estabilidade na minha vida. Digo, nós somos completamente diferentes, mas ela me completa em cada detalhe. Acho que quero passar o resto dos meus dias com ela, sabe?

- Sei, saquei...
- Hmm?
- Você é gay.
- Vai se foder, porra! Tô falando sério!
- Essa foi a coisa mais gay que eu ouvi na vida, mano.

Eles nunca entenderiam. Se fosse um deles me contando isso, eu também não entenderia, pra dizer a verdade. Mas, ela era diferente. Tinha um jeito especial, um jeito de falar, de olhar. Cada movimento dela era perfeito e único. Eu podia passar os dias só a lhe observar que seria o suficiente pra dar significado à minha vida. Ela era... incrível.

(toca um celular)
- Sim? Sou eu sim, Joe Johson. Como as... peraí, me dá o endereço. Tá, o lugar é meu, mas a minha nam... o quê? Como assim TÁ PEGANDO FOGO? COMO? EU TÔ INDO PRAÍ AGORA, CARALHO!
- Que que tá rolando, mano?
- AQUELA VADIA SACOU UMA GRANA DA MINHA CONTA, DETONOU MEU CARRO, TACOU FOGO NO MEU APARTAMENTO E DESAPARECEU!
- Senta aí. Relaxa e pede mais uma cerva.
- CÊ TÁ MALUCO, PORRA? EU VOU MATAR AQUELA VADIA!
- Com a grana que ela deve ter conseguido, o mais perto que ela tá a essas alturas deve ser Bora Bora. Senta aí.
- Aquela puta...
- Cerveja?
- Não. Pede um whisky pra mim. O mais forte que tiver.
- Você não vai chorar, né?
- Porra, vai se foder, cara!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Rico's misery

Fazia uns 4 dias que eu não tinha uma refeição decente. Conferi meus bolsos. Tinha só alguns trocados, o suficiente pra comer um salgado e tomar um refresco. Deus... aquele sol estava me matando. Remanguei meu paletó, afrouxei a gravata e me sentei ao balcão do bar.

- Deixa eu adivinhar. Pastel e...
- Um refresco dessa vez.
- E os cigarros?
- Parei de fumar - mentira.
- Você quer que eu quebre, rapaz?
- Me vê um avulso então, porra.
- Você não tinha pará...
- Escuta aqui seu gordo, se você não vai me dar essa merda agora eu não vou querer mais.

Prontamente sacou um cigarro de uma caixa e me alcançou.

- Fogo? - neguei com a cabeça e guardei o cigarro num bolso.
- Melhor saber que eu não vou pagar hoje. E me traz logo esse maldito salgado.

Eu não ia conseguir viver daquele jeito muito tempo. Os dias estavam sendo ruins pra mim, tempo de vacas magras. Eu mataria por um velho doze anos escocês, mas não tinha dinheiro nem pra comprar uma merda dum maço de cigarros. O gordo chegou com o pastel e com o refresco. Dei uma mordida voraz, mandei metade do salgado pra dentro numa bocada só.

- Algum esquema?
- Estou fodendo sua mãe.
- Eu vou te cobrar esse almoço.
- Ok, não é sua mãe... É sua irmã.
- Suas piadas continuam uma merda.
- Eu não recebo nada por elas.
- Qual o esquema?
- Vai te foder. Você sabe que eu tô quebrado.

Terminei de comer e empurrei o prato em direção ao gordo. "Vou nessa, fofo", falei. Ele me mostrou o dedo do meio e gritou alguma coisa do balcão. Tarde demais, eu já estava com um pé na rua. Senti que aquele ia ser o dia.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Bradley's run of bad luck

Dezoito dias, era a extensão da minha onda de azar até aquele momento. Tudo parecia dar errado. Até os dias pareciam querer me comer vivo. O céu estava cinza e a chuva iminente, sempre iminente. E a vida não estava longe de me foder outra vez; eu reconheceria aquele som há milhas de distância, dava pra sentir nojo nas primeiras notas. Era mais uma viado frustrado cuspido do underground querendo corromper a santidão do meu jogo de sinuca com sua música pop chupada das paradas americanas.

Eu estava lá, encarava a mesa e ela me retribuia. Estava encurralado; música ruim, preso entre a oito e a borda e sem cigarros.

- Utell-me yolaif'z be waiov lien...

Branca direto na caçapa do meio.

- ...ufal-ing tupisses evry tiem...

Achei um cigarro no bolso de trás. Enquanto procurava o isqueiro, o velho Bob encaçapava a oito e acabava com o meu jogo e com o meu dia.

- caz-U-RED-A-BED-DAY

Desisti de fumar. Deixei as 5 pratas sobre a mesa e me dirigi à porta. Chequei o relógio, era meia noite. Novo dia, novos rumos, diria o velho Bob.

- Ei, jovem. Essa é a segunda, você me deve 10.

Dezenove dias.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Como perder uma idéia em menos de 1 minuto

- ou como arruinar um post.

Juro que eu tinha um texto ótimo para postar aqui, mas esqueci. Finjam que leram isso e ficaram maravilhados, depois disfarcem e voltem ao trabalho.